sexta-feira, 19 de junho de 2020

CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: MAX WEBER





A Objetividade do Conhecimento

Como é possível, apesar da existência dos valores, alcançar a objetividade nas ciências sociais?

É preciso distinguir entre julgamentos de valor e saber empírico. Os valores devem ser incorporados conscientemente à pesquisa e controlados através de procedimentos rigorosos de análise, caracterizados como esquemas de explicação condicional.

Os Tipos Ideais

Um conceito típico-ideal é um modelo simplificado do real, elaborado com base em traços considerados essenciais para a determinação da causalidade, segundo os critérios de quem pretende explicar um fenômeno. O tipo ideal é utilizado como instrumento para conduzir o autor numa realidade complexa.

Ação Social

Toda conduta humana dotada de um significado subjetivo (sentido) dado por quem a executa que orienta essa ação, tendo em vista a ação de outros sujeitos conhecidos ou desconhecidos. A explicação sociológica busca compreender e interpretar o sentido da ação social, não se propondo a julgar a validez de tais atos nem a compreender o agente enquanto pessoa. Compreender uma ação é captar e interpretar sua conexão de sentido, somente a ação com sentido pode ser compreendida pela Sociologia. Em suma: ação compreensível é ação com sentido.

Tipos puros de ação

*                 Ação racional com relação a fins: ação que visa atingir um objetivo previamente definido, ele lança mão dos meios necessários ou adequados, ambos avaliados e combinados tão claramente quanto possível de seu próprio ponto de vista. Uma ação econômica, por exemplo, expressa essa tendência e permitem uma interpretação racional.

*                 Ação racional com relação a valores: ação orientada por princípios, agindo de acordo com ou a serviço de suas próprias convicções e levando em conta somente sua fidelidade a tais valores. Por exemplo, não se alimentar de carne, orientado por valores éticos, políticos e ambientais.

*                 Ação tradicional: quando hábitos e costumes arraigados levam a que se aja em função deles. Tal é o caso do batismo dos filhos realizado por pais pouco comprometidos com a religião.

*                 Ação afetiva: quando a ação é orientada por suas emoções imediata, como por exemplo, o ciúme, a raiva ou por diversas outras paixões. Esse tipo de ação pode ter resultados não pretendidos, por exemplo, magoar a quem se ama.

 Relação Social

*                 Uma conduta plural (de vários), reciprocamente orientada, dotada de conteúdo significativos que descansam na probabilidade de que se agirá socialmente de um certo modo, constitui o que Weber denomina de relação social. Podemos dizer que relação social é a probabilidade de que uma forma determinada de conduta social tenha, em algum momento, seu sentido partilhado pelos diversos agentes numa sociedade qualquer.

*                 Quando, ao agir, cada um de dois ou mais indivíduos orienta sua conduta levando em conta a probabilidade de que o outro ou os outros agirão socialmente de um modo que corresponde às expectativas do primeiro agente, estamos diante de uma relação social. Como exemplo de relação social, as trocas comerciais, a concorrência econômica, as relações políticas. 

Estratificação Social

*                 A concepção de sociedade construída por Weber implica numa separação de esferas – como a econômica, a religiosa, a política, a jurídica, a social, a cultural – cada uma delas com lógicas particulares de funcionamento.

*                 Partindo, portanto, do princípio geral de que só as consciências individuais são capazes de dar sentido à ação social e que tal sentido pode ser partilhado por uma multiplicidade de indivíduos, Weber estabeleceu conceitos referentes ao plano coletivo – a) classes, b) estamentos ou grupos de status e c) partidos – que nos permitem entender os mecanismos diferenciados de distribuição de poder, o qual pode assumir a forma de riqueza, de distinção ou do próprio poder político, num sentido estrito.

*                 As classes se organizam segundo as relações de produção e aquisição de bens; os estamentos, segundo princípios de seu consumo de bens nas diversas formas especificas de sua maneira de viver; as castas seriam, por fim, aqueles grupos de status fechados cujos privilégios e distinções estão desigualmente garantidos por meio de leis, convenções e rituais. 

*                 Enfim, as diferenças que correspondem, no interior da ordem econômica, às classes e, no da ordem social ou da distribuição da honra, aos estamentos, geram na esfera do poder social os partidos, cuja ação é tipicamente racional: buscar influir sobre a direção que toma uma associação ou uma comunidade. O partido é uma organização que luta especificamente pelo domínio embora só adquira caráter político se puder lançar mão da coação física ou de sua ameaça. 

Poder e Dominação

*                 O conceito de poder é amorfo já que significa a probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social, mesmo contra toda a resistência e qualquer que seja o fundamento dessa probabilidade. 

*                 Dominação é a probabilidade de encontrar obediência dentro de um grupo a um certo

mandato.

Poder + Legitimidade = Dominação

 

Tipos Puros de Dominação Legítima

*                 Dominação Legal: obedece-se não à pessoa em virtude de seu direito próprio, mas à regra estatuída, que estabelece ao mesmo tempo a quem e em que medida deve obedecer. Seu tipo mais puro é a burocracia. 

*                 Dominação Tradicional: se estabelece em virtude da crença na santidade das ordenações e dos poderes senhoriais de há muito existentes. Seu tipo mais puro é o da dominação patriarcal. 

*                 Dominação Carismática: se dá em virtude de devoção afetiva à pessoa do senhor e a seus dotes sobrenaturais (carisma) e, particularmente: a faculdades mágicas, revelações ou heroísmo, poder intelectual ou de oratória. Seu tipo mais puro é a dominação do profeta, do herói guerreiro e do grande demagogo. 

Desencantamento do mundo

*                 A humanidade partiu de um universo habitado pelo sagrado, pelo mágico, excepcional e chegou a um mundo racionalizado, material, manipulado pela técnica e pela ciência. O mundo de deuses e mitos foi despovoado, sua magia substituída pelo conhecimento científico e pelo desenvolvimento de formas de organização racionais e burocratizadas. 

Ética Protestante e Espírito do Capitalismo

*                 O trabalho torna-se um valor em si mesmo, e o operário ou capitalista puritanos passam a viver em função de sua atividade ou negócio e só assim têm a sensação da tarefa cumprida. O puritanismo condenava o ócio, o luxo, a perda de tempo, preguiça. 

*                 Para estarem seguros quanto à sua salvação, ricos e pobres deveriam trabalhar sem descanso, o dia todo em favor do que lhes foi destinado pela vontade de Deus, e glorificá-lo por meio de suas atividades produtivas. 

*                 Essa dedicação verdadeiramente religiosa ao trabalho, Weber chamou de vocação. Essa ética teve consequências marcantes sobre a vida econômica e, ao combinar a restrição

do consumo com essa liberação da procura da riqueza, é obvio o resultado que daí decorre: a acumulação capitalista através da compulsão ascética da poupança. Mas este foi apenas um impulso inicial. A partir dele o capitalismo libertou-se do abrigo de um espírito religioso. 

Estado

*                 O Estado é um instrumento de dominação do homem pelo homem, para ele só o Estado pode fazer uso da força da violência, e essa violência é legítima (monopólio do uso legítimo da força física), pois se apoia num conjunto de normas (constituição – racional legal).

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domingo, 14 de junho de 2020

CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: KARL MARX




Apresento, a seguir, o texto redigido no Dicionário dos Filósofos de Denis Huisman sobre um dos maiores filósofos da história, Karl Marx:

Nascido em família de origem judaica, houvera a pouco convertida ao protestantismo e imbuída do espírito liberal das Luzes. Marx nasceu em Trier, cidade da Renânia recentemente anexada à Prússia, reino constitucional conservador e autoritário. Apesar de alimentar ambições poéticas, estuda direito e filosofia num meio em que dominam os jovens hegelianos de esquerda; conclui esses estudos em 1841 defendendo uma tese de doutorado de filosofia sobre A diferença da Filosofia da Natureza em Demócrito e Epicuro.

Sua carreira é antes de qualquer coisa a de jornalista. Esse trabalho é inseparável de uma ação militante de que se faz instrumento, inspirando círculos revolucionários, como a Liga dos Comunistas, em 1847-1851. Morre em Londres em 1883; em todas as suas atividades, contara com a amizade, a ajuda e a colaboração de Engels, que conheceu em Paris em 1844.

Apesar de nascer intelectualmente (como todos os seus contemporâneos alemães) em solo hegeliano, Marx nunca foi hegeliano.

Marx ataca, dentre outras coisas, a abstração filosófica de Bruno Bauer (que opõe o espírito à massa e ignora a materialidade das circunstâncias e da organização social).

No início de 1844, Marx acabara de conhecer, em Paris, o movimento operário, descobrindo o comunismo, ao qual adere imediatamente; e foi no ensinamento recente de Feuerbach que encontrou os conceitos que possibilitaram pensar filosoficamente essa vontade atuante de emancipação completa do humano real em sua vida social pela destruição da propriedade privada.

Marx insere a propriedade privada numa relação mais fundamental; essa relação define a existência do trabalho alienado, no qual o trabalhador é desapropriado de seu produto para a produção do capital e sua reprodução, necessária à manutenção do lucro, sendo também desapossado da maioria de suas possibilidades humanas e da totalidade de sua liberdade; termo da evolução do capital, a abolição da propriedade privada é o fim dessa alienação operária, mas, também, de toda a alienação humana. Essa análise repousa numa antropologia filosófica, que vê no humano um ser que se aliena de si mesmo em sua história coletiva, mas que se engendra como humano através de seu trabalho humano, no decurso dessa história universal, para chegar à realização de um humano inteiramente emancipado e totalmente humano.

Marx, salienta que, Feuerbach – apesar de seu materialismo – fica num debate teórico com a alienação religiosa e não vê que o idealismo, tanto nessa alienação quanto em sua denúncia, é apenas resultado das bases materiais da vida social; ele só vê o ser humano como ser essencialmente passivo, e só como indivíduo isolado ou como gênero universal, sem o entender em sua existência histórica e social, em sua realidade, que é o conjunto das relações sociais; não vê que a atividade crítica real só pode ser a atividade crítica na prática, a atividade revolucionária. O materialismo antigo da sensação, do indivíduo isolado e da humanidade em geral, exprimiu o ponto de vista da sociedade burguesa; o novo materialismo exprime o ponto de vista da sociedade humana ou da humanidade socializada. A experiência do movimento operário em sua forma comunista, torna caduca a análise abstrata da alienação.

Tal discurso, ou seja – o da análise abstrata da alienação – nem é revolução, nem mesmo denúncia, mas apenas justificação, e que, desse modo, traduzem e defendem os interesses da burguesia perante o proletariado. Sua suficiência e independência aparentes e proclamadas, resultam de uma separação entre a atividade intelectual e a atividade prática produzida pela oposição entre o capital e o trabalho e a divisão do trabalho no capitalismo. 

De maneira geral, essa ideologia, em sua convicção de que a consciência determina a vida, é consequência das relações sociais que isolam a consciência da vida, o indivíduo da sociedade econômica e as ideias de suas condições materiais, a ponto de esquecerem que é a vida que determina a consciência em seus conteúdos reais, e que constituem a alienação de querer simplesmente construir e mudar a consciência do real, sem mudar o real; vincula inteiramente as ideias e os atos aos interesses de classes, mas também descreve a história: as relações sociais em um tempo e em um lugar dados, são definidas pelos modos de produção desse tempo e desse lugar. Os modos de produção são determinados pelo estado de desenvolvimento e o seu modo de concretização. Então, surgem necessariamente contradições, porque as forças produtivas, em seu desenvolvimento, opõe-se ao modo de produção que as gerou, impondo um novo modo de produção, como mostra a passagem da manufatura para a indústria, do trabalho manual para a máquina. 

Tal análise de produção, permite compreender as etapas da história: sociedade primitiva, escravidão antiga, feudalismo e capitalismo burguês; a concentração do capital acaba por privar de conteúdo o princípio da propriedade privada, e que o desenvolvimento das forças produtivas pelo capital é tal que, tornar-se-á caduco o sistema atual de separação entre a propriedade dos meios de produção e a posse da força de trabalho, de divisão da sociedade em classes e de divisão do trabalho em atividades especializadas, unilaterais e mutiladoras: nesse período do capitalismo, é possível uma ação revolucionária.

Essa ação, que é uma luta, é o cerne do Manifesto do Partido Comunista (1848).

O malogro dos movimentos revolucionários, as vitórias da reação e o triunfo do capitalismo, impõem tarefa tripla.

A tentativa e o fracasso da Comuna de Paris, obrigam-no a voltar-se para a dimensão propriamente política da ação revolucionária operária e, levam-no a insistir na necessária radicalização que, implica a apropriação do poder estatal pelos operários na ditadura do proletariado e sua indispensável centralização, com exclusão da multiplicidade das iniciativas anarquistas.

Não é apenas com o conceito dessa luta que podemos compreender o mundo, e nela transformá-lo, mas é nela que podemos formar nossa compreensão do mundo e com seu conceito transformá-lo. Ser marxista é tomar essa luta como referência e nela inserir-se para pensar a história da sociedade, mas, também, para pensar seu próprio pensamento da história e da sociedade, e ainda para pensar, se não o mundo, pelo menos seu próprio pensamento do mundo: para o burguês, é perceber que sua reivindicação de direitos é sua necessidade de classe e que seu slogan de emancipação universal é seu slogan de classe. Para o economista é saber que sua análise é uma análise de classe.

Essa luta não tem meio-termo: não há lugar para refúgio nem harmonização; a liberdade da burguesia é uma ditadura. Pois as classes distinguem-se umas das outras e diferenciam-se em si mesmas em função das relações de produção. A tarefa prática é realizar, em dado momento, uma unidade de elementos relativamente diferentes no âmbito da luta principal; a tarefa teórica é inferir dessa complexidade o arcabouço da luta em torno da relação de produção dominante.

Portanto, para compreender, controlar e orientar a luta de classes, deve-se estudar a relação de produção dominante no momento: o capitalismo.

Marx, com alguns comunistas de seu tempo, percebe no mundo econômico que o cerca a própria essência do capital, modo histórico de produção que, em sua formação, sua reprodução e seu desenvolvimento, é apropriação de uma parte da produção de um trabalho que é o trabalho assalariado. O próprio funcionamento da propriedade privada no capitalismo, é uma acumulação condenada ao esgotamento ou uma acumulação, que se baseia numa apropriação suficiente para a sua reprodução.

Nem tudo o que é produzido pela força de trabalho deve reverter para o salário, o que corresponde à mais-valia, realizada sobre o uso do trabalho; esta gera o lucro, que não vem do capital, mas da parte do trabalho não-remunerada: capital é exploração. A taxa de lucro é tanto mais elevada, quanto maior a exploração garantida pelo capital variável: menor lucro relativo com maior quantidade de meios de produção. A taxa de lucro tende a diminuir com o crescimento inelutável dos investimentos e só pode ser mantida pelo crescimento correlativo da exploração.

Essa análise implica que a força de trabalho só pode ser tratada como mercadoria: essa é a definição específica do assalariado. Conclui-se, que a partir disso, só poderá haver um agravamento das crises do capital, da exploração capitalista e, por consequência, de luta de classes, cuja consequência é a abolição da propriedade privada dos meios de produção, o que não significa a abolição total da mais-valia, mas sim da apropriação privada da mais-valia: isso permite-nos exigir uma redução do tempo da necessidade (o trabalho) para que haja cada vez mais lugar para o tempo da liberdade e considerar o reconhecimento completo da necessidade após a plena remuneração do trabalho.

Produzindo seu objeto, o humano produz-se a si mesmo. Se a unidade de troca econômica é o tempo de trabalho e se o trabalho é o fator determinante da produção, a produção não se reduz ao trabalho economicamente delimitado. O ser humano é um ser histórico e social definido por pertencer a um modo determinado de produção. Nessa história da produção e na sua forma capitalista, o humano, tratado como simples força de trabalho, é uma mercadoria, a produção efetua-se na forma de trabalho alienado e a existência atual é pensada e apresentada como realização de leis eternas, que a explicam e a justificam, sem concluir por seu fim e nem levar à sua transformação.

A razão da evolução das coisas, longe de estar ligada na lógica da forma dessas coisas, mas no movimento de seu conteúdo: conteúdo material de coisas materiais. O problema não é dizer o que é o pensamento, mas sim saber por que isto ou aquilo é pensado, a crença numa substância espiritual distinta da matéria ou em uma idealidade diferente da materialidade é uma crença histórica e socialmente determinada em razão das condições materiais de existência.

A análise dos discursos que se ouve, a investigação das condições daquilo que se vê. Essa crítica dá origem a uma filosofia prática que não toma a ação apenas como fim, mas, também, como objeto de análise e meio de conhecimento. É por isso que, além dos legados políticos bem conhecidos, suas teses, apesar das ressalvas, tornaram-se elementos de todas as ciências sociais e dados de todas as filosofias do engajamento.

HUISMAN, Denis. Dicionário dos filósofos. Trad.: Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

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sexta-feira, 12 de junho de 2020

CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: ÉMILE DURKHEIM




A Revolução Francesa e a Revolução Industrial de um lado e o manancial de ideias de vários autores deste período, fomentaram o processo que Intensificou a percepção da consciência da necessidade de se criar novas ideias e valores (novo sistema científico e moral) que se harmonizasse com a ordem industrial e com a lei do progresso, que é uma força implacável, relacionada com a vida coletiva, que é um ser distinto, complexo e irredutível às partes que a compõem. Dessa forma, a vida coletiva passou a ser o objeto da sociologia de Durkheim e seu estudo demandava a utilização do método positivo, apoiado na observação, indução e experimentação, tal como vinham fazendo os cientistas naturais. Durkheim, via na ciência social, uma expressão racional das sociedades modernas.

Apresento, a seguir, a concepção funcionalista Durkheimiana de Sociedade:

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CLÁSSICOS DA SOCIOLOGIA: MAX WEBER

A Objetividade do Conhecimento Como é possível, apesar da existência dos valores, alcançar a objetividade nas ciências sociais? É precis...